segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Estou em construção!



 
Durante a nossa vida causamos transtornos na vida de muitas pessoas, porque somos imperfeitos.
Nas esquinas da vida, pronunciamos palavras inadequadas, falamos sem necessidade, incomodamos.
Nas relações mais próximas, agredimos sem intenção ou intencionalmente. Mas agredimos.
Não respeitamos o tempo do outro, a história do outro.
Parece que o mundo gira em torno dos nossos desejos e o outro é apenas um detalhe.
E, assim, vamos causando transtornos. Esses tantos transtornos mostram que não estamos prontos, mas em construção.
Tijolo a tijolo, o templo da nossa história vai ganhando forma.
O outro também está em construção e também causa transtornos.
E, às vezes, um tijolo cai e nos machuca. Outras vezes, é o cal ou o cimento que suja nosso rosto.
E quando não é um, é outro.
E o tempo todo nós temos que nos limpar e cuidar das feridas, assim como os outros que convivem conosco também têm de fazer.
Os erros dos outros, os meus erros.Os meus erros, os erros dos outros.
Esta é uma conclusão essencial: todas as pessoas erram.
A partir dessa conclusão, chegamos a uma necessidade humana e cristã: o perdão.
Perdoar é cuidar das feridas e sujeiras. É compreender que os transtornos são muitas vezes involuntários.
Que os erros dos outros são semelhantes aos meus erros e que, como caminhantes de uma jornada, é preciso olhar adiante.
Se nos preocupamos com o que passou, com a poeira, com o tijolo caído, o horizonte deixará de ser contemplado.
E será um desperdício. O convite que faço é que você experimente a beleza do perdão.
É um banho na alma! Deixa leve! Se eu errei, se eu o magoei, se eu o julguei mal, desculpe-me por todos esses transtornos.
Estou em construção!

A Arte de Cultivar Virtudes




Um avô e seu neto caminhando pelo quintal, ora se agachando aqui, ora ali, 
em animada conversação, não é cena muito comum nos dias atuais.
 
O garoto, de 4 anos de idade, aprendia a cultivar e a cuidar das plantas 
com o exemplo do seu avô, que tinha tempo para o netinho, sempre que este o visitava.
 
Era por isso que o pequeno Nícolas acariciava as mudinhas que havia plantado e dizia: 
                             Quem planta colhe, né, vovô?
 
Mas o avô não é habilidoso apenas no cultivo de plantas, é hábil também na arte de cultivar virtudes.
 
Entre uma conversa e outra, entre a carícia numa flor e uma erva daninha que arrancava, 
ele ia cultivando virtudes naquele coração infantil.
 
Ia ensinando que, para obter frutos saborosos e flores perfumadas, 
é preciso cuidado, dedicação, atenção e conhecimento.
 
E que, acima de tudo, é preciso semear, pois sem semeadura não há colheita.
 
O cuidado do pequeno Nícolas pelas plantas era fruto do ensinamento 
que recebeu desde pequenino, pois nem sempre foi assim.
 
Quando começou a engatinhar, suas mãozinhas eram ligeiras para arrancar tudo o que via pela frente,
 como qualquer bebê que quer conhecer o mundo pela raiz...
 
E, se não tivesse por perto alguém que lhe ensinasse a respeitar a natureza, 
talvez até hoje seu comportamento fosse o mesmo, como muitas crianças da sua idade ou até maiores.
 
Importante observar que as melhores e mais sólidas lições as crianças
 aprendem no dia-a-dia, com os exemplos que observam nos adultos.
 
É mais pela observação dos atos do que pelos conselhos, 
que os pequenos vão formando seus caracteres.
 
Se a criança cresce em meio ao desleixo, ao descuido, às mentiras, ao desrespeito, 
vendo os adultos se agredindo mutuamente, ela aprenderá essas lições.
 
Assim, se temos a intenção de passar nobres ensinamentos a alguém, 
se faz necessário que prestemos muita atenção ao nosso modo de vida, às nossas ações diárias.
 
Como todo bom jardineiro, os educadores devem ser bons cultivadores de valores e virtudes.
 
Devem observar com cuidado as tendências dos filhos e procurar semear na alma infantil, 
as sementes das virtudes.
 
Ao mesmo tempo devem preservá-la das ervas-daninhas, das pragas, da seca e das enchentes. Sem esquecer jamais o adubo do amor.
 
A alma da criança que cresce sem esses cuidados básicos, por parte dos adultos, geralmente se torna campo tomado pelas ervas más dos vícios de toda ordem.
 
E, de todas as ervas más, as mais perigosas são o orgulho e o egoísmo, pois são as que dão origem às demais.

 
Por isso a importância dos cuidados desde cedo. E para se ter êxito nessa missão de jardineiro de almas, 
é preciso atenção, dedicação, persistência, determinação.
 
O campo espiritual exige sempre o empenho do amor do jardineiro para que possa produzir bons resultados.
 
E o empenho do amor muitas vezes exige alta dose de renúncia e de coragem. 
Coragem de renunciar aos próprios vícios para dar exemplos dignos de serem seguidos.
 
Os jardins da alma infantil são férteis e receptivos aos ensinamentos que percebem nas ações dos adultos.
 
Por essa razão, vale a pena dedicar tempo no cultivo das virtudes, 
antes que as sementes de ervas-daninhas sejam ali jogadas, nasçam e abafem a boa semente.
 
* * *
 
Para que você seja um bom cultivador de almas, é preciso que tenha, 
na sua sementeira interior, as mudinhas das virtudes.
 
Somente quem possui pode oferecer. Somente quem planta pode colher.
 
Pense nisso, e seja um cultivador de virtudes.